quarta-feira, 21 de maio de 2008

Parando tudo...

Estava eu sentadinha, agora mesmo, na frente do computador lendo e analisando a matéria dos meus colegas de estágio em aperfeiçoamento de texto (sim, isso existe) quando uma notícia no telejornal me chamou a atenção. Viro para a tv, esquecendo por alguns instantes a quarta de nove grandes reportagens sobre idosos que preciso ler e fico chocada. Não que muita coisa consiga me deixar de boca aberta, afinal hoje tudo é possível, mas a imagem de índios atacando um engenheiro durante uma palestra da Eletrobrás era algo que ainda não havia imaginado.

Nos últimos dias tenho dito que me tornei a jornalista mais desinformada do planeta. A correria das duas faculdades, mais estágio não tem me deixado com muito tempo para acompanhar jornais e ler notícias com atenção. Passo por tudo muito rápido. Assim, pouca coisa fica e muita nem é filtrada. No entanto ver um ato bárbaro, quase primitivo, como avançar com facões e machados para cima de um homem, ainda por cima desarmado, me fez sentir ainda mais saudade de mergulhar profundamente no jornalismo.

Alguém pode defender a ação indígena dizendo que o engenheiro estava lá defendendo os interesses da Petrobrás quanto ao projeto da usina de Belo Monte, no Pará. Não quero entrar no mérito da luta entre minorias pobres oprimidas versus mega-empresas capitalistas. O que vem ao caso é pensar o que aconteceria se fatos como este não fossem noticiados?

Há pouco tempo me fizeram uma pergunta que não soube responder: "O que é ser jornalista?". Hoje, quando vi os golpes de machado sendo deferidos contra aquele ser humano, prestes a ser linchado em pleno século XXI pensei: "Nossa, que bom que eu vi isso porque se me contassem eu não acreditaria".

Nós, jornalistas, não queremos ver o circo pegar fogo gratuitamente porque é divertido (pelo menos a maioria), mas também não podemos ficar imunes a situações irracionais. Podemos não mudar o mundo, mas pelo menos tentaremos fazer com que os fatos cheguem aos ouvidos daqueles que podem fazer algo efetivamente.

Matérias despertam esse espírito jornalístico, assim como pessoas. Então, para responder o que é ser jornalista para mim, vou usar as palavras do meu professor de jornalismo internacional, Fábian Chelkanoff, em uma mensagem que ele mandou para comunidade criada no orkut em sua homenagem: "Acho que nos damos bem por que queremos coisas parecidas. Temos objetivos parecidos. O Jornalismo (a comunicação) é uma paixão. Requer paixão. E desde o início dos tempos, todos buscamos essa paixão. Sei que já ouviram essa, mas não custa repetir: escolheram a melhor profissão do mundo!!! Com sinceridade, tem forma melhor para viver? É, viver, sim!". Que no futuro, tenhamos um mundo de jornalistas apaixonados...

No próximo Receituário: I need some tips...

4 comentários:

Denis Pacheco disse...

Acho que estou indo na sua contra-mão, tento me desapaixonar das coisas, pra ter um ponto de vista mais claro, mais distante...

Se funcionar te aviso, rs

Anônimo disse...

Eu fiquei mais abismada ainda com a globo mostrando aquelas imagens do sangue jorrando do braço do engenheiro. Nâo sei, acho que poderia haver mais discrição ao mostrar cenas tão fortes.

Lívia disse...

Ai, eu acho jornalismo apaixonante... ontem mesmo eu tava contando pra alguém (e acho que já te contei) que jornalismo foi o que eu sempre quis, que caí na letras foi de pára-quedas... hoje eu vivo repetindo que letras é o que eu gosto mesmo mas quando eu penso em jornalismo, sempre fico imaginando o que seria de mim se eu estivesse cursando... mas quem sabe um dia? beijão!

Ingrid Guerra disse...

Minha comentadora oficial, tô com saudades de você (pessoalmente)! Precisamos fazer algo. Não vou comentar o seu texto, porque ando fora da casinha e perdi essa cena também. Mas prometo ser mais presente por aqui, no sentido comentarístico do termo (porque visitas te faço sempre). Beijos. Se cuida. Abs pro meu cunhadinho tb.